Oferecer às novas gerações
o Conhecimento que nos levou
a um Saber é construir
Civilização. Isto é Educação.
BARCELLOS, João _ palestra “O que é Educar?”;
Paraty e Niterói-RJ, 1989
A participação da Pessoa no crescimento social da Comunidade implica em uma interatividade que vai muito além de si-mesma, porque a Pessoa deve saber o que é e quem é na sua raiz natural; e tal Saber é a semente original de uma Tradição.
É a partir do ser-estar que a Pessoa vivencia comunitariamente que se ergue a Formação Social, sendo a Família o núcleo primeiro da Educação.
Assim é que em cada Comunidade vive-se uma Cultura própria – rural ou urbana – que deve ser, também ela, vivenciada com historiografia própria na Escola. É a partir da História local que se enforma a Escola-Universidade e, esta, vai instruir cientificamente quadros de Docência para assentar a Escola Nacional entre as tradições e os valores sociopolíticos que regem a Nacionalidade.
É raro, muito raro, a presença de fundações familiares [fundações no sentido de preservar da História Familiar] no Brasil, e isso, porque a Educação nacional raramente foca a Formação Cultural regional. Também por isso, o Município não se presta a preservar e registrar a sua História, logo, também a Universidade fica sem a dimensão geossocial da regionalidade que suporta a Nação.
Eis que é importante, entre o Município, o Estado e a Federação, uma interligação escolar que fortaleça a Nacionalidade a partir das matrizes que fazem a Municipalidade. E então, a Educação da juventude deve ter um eixo social-institucional que compreenda ações da Família à Escola em todos os níveis pedagógicos, sendo a Tradição a pedra angular do jogo didático que a Nação a se configurar como ´fortaleza´ em si-mesma.
O que é educar? Educar é fazer de uma Comunidade, nacional ou não, um espectro das realidades socioculturais que, na Escola, funcionam como diretriz civilizacional.
Quando se ideologiza a Educação – temos os exemplos de todas as ditaduras, do sovietismo ao capitalismo fechado, em ambos os casos militarizado – perde-se a noção da Tradição, que civiliza tendo a Liberdade de ir-e-vir como ponte de diálogos. E então, Senhoras e Senhores, a Educação deve ser vista e trabalhada como uma ação nacional civilizatória que processa o histórico regional na sua diversidade social e cultural – aliás, o único jeito de formar a Inteligência necessária à Nação que se ergue.
Ignorar a Liberdade na atribuição da Educação e do Aprendizado é manter a Ignorância como primazia política.
Senhoras e Senhores,
a Ignorância sacrifica a Nação e humilha as Comunidades. Só a Educação liberta.
João Barcellos, em Paraty e Niterói – RJ, 1989
[Obs.: palestra repetida em 1991, em Cotia e Embu – SP]